Mãos na terra, alma no Moinho: entrevista com a guardiã do nosso jardim e horta.
- Moinho Dom Quixote
- 1 de ago.
- 4 min de leitura
Conheça a profissional que cultiva flores, alimentos e memórias no coração do Moinho!
No Moinho Dom Quixote, cada canto tem uma história. e muitas delas carregam as mãos e o coração da nossa Mafalda Martinho. Há anos connosco, ela percorreu diferentes caminhos dentro da nossa casa e hoje é a criatividade a dedicação por trás do nosso colorido jardim, horta e esplanada. Seu trabalho é inspirado pela permacultura e pelo profundo respeito à natureza, transformando inclusive os resíduos do restaurante em compostagem que alimenta a terra e fecha um ciclo de cuidado.
Nesta entrevista, celebramos a sua caminhada connosco e a dedicação com que ela cultiva muito mais do que plantas: cultiva vida, regeneração e amor. Esperamos que vocês gostem dessa conversa cheia de carinho pela natureza:
Moinho Blog: Querida Mafalda, você está há tantos anos no Moinho e já viveu muitas fases por aqui... Pode nos contar um pouco da sua caminhada e dos momentos que marcaram essa história?
“Comecei a trabalhar no Moinho com 23 anos, inicialmente só alguns dias da semana e, uns meses mais tarde, a tempo inteiro. Foi fácil ficar! Lembro bem do primeiro dia: fiquei muito feliz de poder trabalhar num lugar como este. Inicialmente trabalhei no serviço de mesas e, mais tarde, no bar. O Moinho recebe pessoas do mundo inteiro, o trabalho é dinâmico e não existem dias iguais. Associado a uma paisagem deslumbrante, foi a receita perfeita para ser fácil ficar por cá! Conheci pessoas fantásticas, colegas e visitantes — que passaram a fazer parte da minha vida. Trabalhar aqui tem sido uma longa história de amizade, dedicação e carinho por um lugar.”
Moinho Blog: O que tocou o seu coração e te levou a mergulhar com tanto amor no cuidado com o jardim, a horta e a compostagem?
“Ao final de 20 anos de restauração, quis fazer algo diferente, embora gostasse muito da função no restaurante. Foi quando surgiu a oportunidade de cuidar do jardim.Confesso que, inicialmente, pensei que seria uma fase, não tinha considerado seriamente trabalhar no jardim a tempo inteiro... Mas passou uma semana, duas... e meses. Sem dar conta, apaixonei-me por este trabalho! Trabalhar no exterior tem os seus desafios, é fisicamente exigente em algumas tarefas, mas a alegria e a satisfação de estar ao ar livre, em contacto permanente com a natureza, superam qualquer obstáculo. É realmente uma bênção! Temos um lindo jardim, uma horta grande, duas mini-hortas e uma compostagem. O restaurante produz grande quantidade de resíduos orgânicos, e a compostagem permite reutilizar todos esses resíduos em forma de composto, um adubo ecológico para alimentar novamente as nossas culturas de legumes, ervas aromáticas, assim como plantas. É ajudar a regenerar esta terra que tanto nos dá!”
Moinho Blog: De que forma os princípios da permacultura te guiam nesse trabalho tão bonito com a terra?
“Os princípios da permacultura orientam o meu trabalho ao fornecerem uma base ética e prática para tomar decisões sustentáveis e regenerativas. Não é possível trabalhar a terra sem respeito por ela! É vital usarmos os nossos recursos com cuidado e fazer uma gestão responsável, tentando sempre minimizar o nosso impacto e priorizar métodos eficientes que protejam e regenerem o solo. A permacultura ensina-nos este respeito e atenção a todo o meio natural que nos envolve!”
Moinho Blog: Quais foram os aprendizados mais marcantes ou transformações pessoais que floresceram em você ao longo desses anos de trabalho com a natureza no Moinho?
“A natureza ensinou-me paciência e resiliência! Ensinou-me que tudo tem o seu tempo e que existe um equilíbrio em tudo, que não podemos forçar. Não podemos alterar os ritmos naturais, só adaptarmo-nos e respeitar. No jardim, assim como na vida, por vezes acontecem tempestades, mas tudo se regenera! É uma forma doce e, por vezes, bruta de nos ensinar a humildade, de percebermos que somos só um grãozinho nesta infinita dança cósmica!”
Moinho Blog: Que mensagem você deixaria para quem visita o Moinho e se encanta com essa natureza tão viva e cheia de alma que nos cerca?
“O Moinho é um lugar especial. Só posso desejar que se sintam em paz, num lugar cheio de vida e serenidade. Respeitem, sintam e partilhem a alegria das vossas almas! Deixem que este lugar vos toque no coração, como tocou o meu. Levem boas memórias e vontade de cá voltar.”
Um jardim que floresce gratidão. ❤️
A história da Mafalda Martinho é também a história de tudo o que floresce no Moinho. Seu cuidado diário, muitas vezes silencioso, é o que faz brotar a beleza que encanta quem nos visita. Mais do que flores e alimentos, ela cultiva um espaço vivo, cheio de alma e significado.
Além de cuidar do nosso jardim, horta e esplanada, ela também tem um olhar encantador para a fotografia. Com muita generosidade, partilhou connosco alguns dos seus registros preferidos que ilustram essa entrevista, um reflexo sensível de como vê e sente a natureza do Moinho.
Obrigado, querida Mafalda, por plantar vida, harmonia e amor em cada cantinho do nosso Moinho!
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